sexta-feira, 16 de abril de 2010

Hypatia fazia parte de uma escola de mistérios?

As escolas de mistérios, na Antiguidade, considerando os limites e as possibilidades da História, na maior parte das vezes, soam como ecos de uma realidade maior e mais viva que as descrições que sobreviveram, trazendo a descrença sobre a existência dessas mesmas escolas de mistérios. Na filtragem do que sobreviveu, fazer uma análise histórica é muito perigosa, pelo perigo do erro craço, pois o suposto herói pode não ser herói, e vice-versa. mas, considerando os limites e as possibilidades, pode-se fazer uma história aceitável, pelo menos. Os estudos de Hypatia no campo da geometria, da matemática, da astronomia, especialmente esta, podem indicar que Hypatia era parte de escola com influência pitagórica, em Alexandra ou Alexandria. A própria participação de Hypatia na política local poderia ser indicador de um comportamento, atitude, postura, costume, prática, princípio, fundamento, vinculado a escola de pitágoras. No entanto, as indicações, pelo próprio conteúdo da matéria, pelo próprio caráter do estudo, permitem apenas especulações frágeis, beirando a fantasia, imaginação, literatura; sem, com isso, querer depreciar, atenuar, minimizar o valor da narrativa no fazer histórico, visto que também a invenção faz parte do processo de inventar ou reinventar o passado.

O que deporia contra a hipótese de que Hypatia pertenceria a uma escola de mistérios seria sua resposta a uma suposta proposta de casamento, o que descartaria um dos princípios fundamentais da magia, no sentido persa do termo: a hierogamia; ligada aos ritos órficos; orgíacos. Nesse sentido, a devoção de Hypatia aproximar-se-ia de Orígenes, quando aotodeterminou sua própria castração a partir de uma interpretação bastante discutível da mensagem de Jesus, supostamente defendendo a auto-imputação; o que lembraria costumes budistas de autoflagelação, para apressar a roda da vida, o karma, enfim, a metempsicose, mas por outros motivos que aqueles lembrados pelos pitagóricos.

 

A idéia de família, que aparecia entre os discípulos de Hypatia, poderia indicar mais do que uma expressão afetuosa, talvez idéia de fidelidade, de virtude, de moral, de respeito, de juramento, muito parecido com o que se conhece atualmente, com perdão da palavra, com a máfia, numa visão positiva de tal organização secreta, embora criminosa, mas com gestos, sinais secretos, que a conduzem ao grupo de tantas outras organizações nos mesmos moldes, sem desconsiderar o próprio código de honra entre criminosos, algo, por vezes, desconsiderado por muitos estudantes, mais preocupados com atos criminosos infames, hediondos, desse tipo de organização criminal, do que em compreender os fundamentos dessas organizações criminosas.

A melhor palavra, talvez,  seja escola, considerando os diversos contextos da época, especialmente o contexto pedagógico intrinseco do ambiente que vivia Hypatia.

Trecho de uma carta de Senésio de Cirene , aluno de Hipátia:

"Meu coração deseja a presença de vosso divino espírito que mais do que tudo poderia adoçar minha amarga sorte. Oh! minha mãe, minha irmã, mestre e benfeitora minha! Minha alma está triste. Mata-me a lembrança de meus filhos perdidos… Quando receber notícias tuas e souber, como espero, que estás mais feliz do que eu, aliviar-se-ão pelo menos a metade de minhas dores".

Aliás, o próprio Sinesio informava que Hypatia era “autêntica mestra de los mistérios da filosofia”.

«Sinesio de Cirene, intelectual. A escola de Hypatia em Alejandría» Gerión. n.º 22.1.

http://descargas.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/24683841101935943754491/022907.pdf?incr=1 .

Ao que parecia, Hypatia, ao lhe ser conferida a idéia de mãe, irmã, mestre, sugeria um compromisso moral profundo entre os participantes da escola de filosofia da qual participava Sinesio. No entanto, uma frase não prova nada e é preciso muito mais!

A maioria dos pesquisadores que até agora foram lidos não analisaram, do ponto de vista da criminologia, o assassinato de Hypatia; ficaram apenas na análise interna e externa dos documentos, o que é importante, mas não é aceitável, do ponto de vista da ciência histórica. Quais eram as motivações do crime? Eram evidentemente religiosas, pelo tipo de crime, que sugeria um sacrifício, um holocausto. Os detalhes do assassinato de Hypatia, os requintes de crueldade, os passos seguidos, a tortura, a fogueira, o ambiente em que foi decomposta, separado o seu corpo, como num açougue, a rapidez dos cortes, o desfile, a romaria, a procissão, com os restos mortais de Hypatia, tudo issso sugeria um ritual, uma catarse, purificação daqueles assassinos. isso não quer dizer que todo esquartejamento é de fundo religioso: poderia estar associado à uma tara específica; fixação mórbida; habilidade cirúrgica ou cultural com instrumentos cortantes. No entanto, considerando outros elementos associados ao crime, pode-se avencar a hípótese de crime com conteúdo religioso. Todo o encadeamento do assassinato de Hypatia sugeria também carnavalização às avessas! O belo e o feio se misturavam, em que o belo era agredido de tal maneira que parecesse feio, terrífico, tenebroso, ausência de prazer, de desejo, de morte, de Tânatos. O corte do corpo de Hypatia era o corte da separação, do despedaçamento, da destruição, atomização. Hoje, somos nós que juntamos os pedaços de Hypatia. Conseguiremos? Todo o ritual do assassinato de Hypatia sugeria um mundo de paixões, de apaixonados, de apaixonantes; embora a compaixão por Hypatia estivesse ausente, na maioria dos assassinos, pelo menos. Nesse sentido, ascetismo, mistério, ritos canibais e pitagórismo se entrelaçam, numa teia de defícil resolução. O fato de Hypatia pertencer a elite da cidade não a torna um habitante de fora de toda a cidade, especialmente porque era educadora, cuidadora, pelos relatos de seus discípulos. Mas, certamente, não fazia de Hypatia uma cínica popular: suas experências científicas sugerem resguardo, meditação, reflexão, por largas horas, e não uma pessoa que estava a disposição do povo para inventivas moralizantes, a toda hora e lugar.

Agora, qual religião estar-se-ía falando, quando se sugere que o crime foi de fundo religioso?

No caso, considerando o modus operandi dos assassinos, não se tratava de um cristianismo contra outro cristianismo, mas do cristianismo contra o paganismo, leia-se filosofia, neoplatonismo, pitagorismo. Foi em nome do cristianismo que Hypatia foi morta. Daí o sacrifício, mas não o sacrifício cristão, mas o sacrifício pagão.

Una turba de monjes venidos de los yermos cercanos, bien adoctrinados por el obispo Cirilo –el intrigante, taimado y celoso patriarca de la ciudad que luego sería santificado por sus méritos piadosos–, asaltaron en pleno día a la prestigiosa filósofa, la golpearon brutalmente, la arrastraron hasta el interior de una iglesia, la desnudaron y, ya muerta, la descuartizaron desgarrando sus carnes con piedras cortantes, y luego quemaron sus restos en una hoguera para borrar su recuerdo. Como si ofrendaran en holocausto una víctima a un dios bárbaro en un sacrificio humano de ritual ferocidad”. (…) No niego que también su prestigio en el terreno político atrajera el odio del clero y de Cirilo, pero la misma ferocidad del asesinato indica una violencia fanática mucho más desencadenada por un furor religioso que por un maquiavélico plan para eliminar a una competidora. De todos modos sería menos importante la inescrutable motivación interior de Cirilo que el fervor fanático con el que actuaron esos cientos de monjes desenfrenados y sanguinarios. (…) Los mismos detalles del asesinato, en el que Hipatia es tratada como una víctima propiciatoria –como el rey Penteo en las Bacantes, de Eurípides– inmolada sobre o junto a un altar, descuartizada por las garras de los monjes, sin utensilios de metal ni cuchillos, sino con conchas y ladrillos aguzados, y luego arrojada al fuego a trozos, en un holocausto ritual, todo eso evoca una ferocidad religiosa y no política.

  (CARLOS GARCIA GUAL. “ EL ASESINATO DE HIPATIA: Una interpretación feminista y una ficción romántica”.Claves de Razón Práctica, Núm. 41, Abril 1994, pp. 61-64. http://valdeperrillos.com/files/pdf/hipatia.pdf ).

 

 

Penteo ante as bacantes

O mensageiro insta a seu rei a que, em vista de tais prodígios, se apresse a reconhecer a Dioniso como deus, mas Penteo não cede e prepara seu exército para matar às bacantes, no entanto vacila ante a possibilidade de que as bacantes seguam realizando prodígios e façam fugir ao exército.

Penteo sente agora curiosidade por ver com seus próprios olhos o comportamento das bacantes e Dioniso lhe indica que para poder o fazer sem perigo deverá se pôr roupas de mulher.

Vestido assim, é conduzido por Dioniso até o monte Citerón onde se acham as bacantes.

Um mensageiro relata a morte de Penteo:

Dioniso tinha alçado ao rei para que este subisse aos ramos de um abeto para observar às bacantes. Então estas últimas foram arengadas por Dioniso para que se vingassem do rei.

As bacantes arrojaram-lhe pedras e arrancaram o abeto da terra.

Penteo caiu ao solo e pediu a sua mãe Ágave que o reconhecesse e não o matasse, mas estava possuída por Dioniso; ela e o resto das bacantes, mataram e descuartizaron ao rei.

O coro de bacantes chega com Ágave a palácio, com a cabeça de Penteo. Ágave mostra aos tebanos a cabeça do que ela acha que é um animal selvagem. Depois de escutar a Cadmo, Ágave entra em razão e compreende o crime que tem cometido por causa de que ela, como Penteo, não reconheciam a Dioniso como deus.

Por último aparece Dioniso e diz que Cadmo será transformado em dragão e sua esposa Harmonía em serpente e depois de comandar um exército e devastar cidades serão conduzidos por Ares às ilhas dos Bienaventurados. Ágave e suas irmãs são desterradas. (http://pt.wikilingue.com/es/As_bacantes#Penteo_ante_as_bacantes ).

 

Citerón

De Wikipedia, a enciclopedia livre

Mapa de situação do Citerón

Citerón (grego Κιθαιρώνας) é um maciço montanhoso da zona central da Grécia]], entre o Ática ao sul, Beocia, ao norte e Mégara, muito célebre nas lendas pelas musas que aí se dizia habitavam e pelo culto a Dioniso que se rendia neste lugar. Recebeu seu nome de um rei mitológico de Platea.

O Citerón mede 16 km. Está composto principalmente de rocha caliza e atinge os 1.409 m. The range was the scene of many events in Greek mythology and was especially sacred to Dionysius. Edipo foi exposto na montanha enquanto Acteón e Penteo foram descuartizados na montanha.

Em época histórica, a montanha actuou como um telón de fundo na batalha de Platea de 479 a. C. e foi o palco de muitas escaramuzar dantes da batalha mesma. Em épocas posteriores fortificações foram construídas em Platea e Eritras quando a montanha formou a fronteira natural em disputa entre Atenas e Tebas.

O povo de Platea personificó a montanha como seu primitivo rei: "Os platenses não concieron nenhum rei excepto Asopos e Citerón dantes daquele, sustentando que o último deu seu nome à montanha, o antigo rio." (Pausanias 9.1.2).

O Citerón é o actual Elatiás.o:Κιθαιρώνας em:Kithairon

 

Acteón

De Wikipedia, a enciclopedia livre

Ficheiro:Aktation, Nordisk familjebok.png

Acteón e seus cães.

Acteón (em grego antigo]] Άκταίων Aktaiôn) era, na mitología grega, um caçador iniciado nesta arte pelo centauro Quirón, filho de Aristeo e Autónoe em Beocia, que sofreu a ira de Artemisa (Diana, no caso da romanización da lenda, por exemplo na versão de Ovidio).

Artemisa estava bañándose nua nos bosques próximos à cidade beocia de Orcómeno quando Acteón se topó com ela. Deteve-se e ficou olhando-a, fascinado por sua beleza arrebatadora. Quando o viu, Artemisa o transformou em um ciervo por seu desafortunada profanación de seus virginales mistérios, e enviou aos próprios cinquenta sabuesos de Acteón a que o matassem. Estes o fizeram pedaços e devoraram suas carnes, para depois procurar a seu amo pelo bosque, sollozando. E nessas encontraram ao centauro Quirón quem, para os consolar, construiu uma estátua de sua difunto dono.

Em outra versão da lenda, Acteón alardeó de ser melhor caçador que Artemisa, pelo que esta o transformou em um venado que foi devorado por seus próprios sabuesos.

Representação artística

Ficheiro:Actaeon Caserta.jpg

Grupo escultórico em Caserta.

Conserva-se uma crátera grega do século V a. C. (aproximadamente para o 460 a. C.) que recebe o nome de Artemisa matando a Acteón.

Também foi representado por numerosos pintores muito posteriores, como Parmigianino, Fontanellato ou Tiziano.

Influência

Em sua obra O ser e a nada, Jean Paul Sartre estabelece o que denomina complexo de Acteón, que resume como a perversión de ordem psicosexual (a mirada curiosa e lasciva) cuja sublimación desencadeia o estímulo de toda a busca. Neste sentido, adverte que se diferença do voyeur tradicional em que é a busca e não tanto o encontro o que caracteriza o complexo.

O escritor polaco nacionalizado na França]], Pierre Klossowski publica em 1956 uma breve novela chamada O banho de Diana na que reflexiona sobre a lenda.

Referências

 

ORFEU

 

As Bacantes, ofendidas com a fidelidade de Orfeu à amada desaparecida, a quem ele busca perdido em soluços de saudade, e vendo-se desdenhadas, atiraram-se contra êle numa noite santa e esquartejaram o seu corpo. Mas as Musas, a quem o músico tão fielmente servira, recolheram seus despojos e os sepultaram ao pé do Olimpo. Sua cabeça e sua lira, que haviam sido atiradas ao rio, a correnteza jogou-as na praia da Ilha de Lesbos, de onde foram piedosamente recolhidas e guardadas.http://www.jobim.com.br/colab/orfeu/orfeu_mito1.html

Pensar que a ressurreição do Cristo presta-se a um paralelo com o mito grego de Orfeu, anterior àquele, é consagrar, na aproximação, o estatuto de mistério do discurso religioso e a simbologia da morte como acesso ao reino do espírito, por um lado, ou a um rito de passagem e iniciação. Tendo passado desapercebido – ou quiçá propositalmente esquecido - pelo classicismo teatral, a semelhança com a narrativa bíblica pode tornar-se a referência mais evidente entre nós ao orfismo, que figurou na Antigüidade como uma das três tradições religiosas e lendárias, ou seja, como o conjunto de seitas ligadas ao ascetismo e ao mistério, sendo as outras duas as dionisíacas (de ritos canibais) e as ptagóricas (praticadas pelas elites).http://www.filologia.org.br/anais/anais%20III%20CNLF%2007.html

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